O REI E OS REALISTAS
Nós
somos feitos de corpo e alma, e vivemos na Terra. Ao responder aos
fariseus sobre a questão do tributo, Jesus deixou bem claro: "Dai a
César o que é de César e dai a Deus o que é de Deus". O equilíbrio da
existência humana reside em atendermos às necessidades físicas e
espirituais, igualmente necessárias ao cumprimento de nossa missão no
mundo. Os santos, profetas ou apóstolos, têm vida excepcional; as
criaturas comuns, presas ao mundo exterior por qualquer circunstância -
não.
Na biografia que fez São Francisco de Sales, e Jacques Leclerq
defendeu-lhe as virtudes humanas, dizendo: "O grande perigo da mística é
perder facilmente o contato com a vida real (o material, de cada dia).
Jesus é deus de pés descalços sobre a terra, repousando à beira de um
poço, dormindo sobre uma velha capa no fundo de um barco, mas é sempre
deus (para a Terra). A perfeição cristã está em imitar Jesus na sua
simplicidade e - o mesmo tempo - encontarar nessa simplicidade do
terra-a-terra humano a vida divina".
Ora, A Legião da Boa Vontade, o Cristianismo prático e unificador do
Cristo vivo, tem de viver de acordo com o que Ele ensinou: Jesus não
ensinou o que devemos fazer no céu, mas na Terra, neste mundo em que
vivemos, sofremos e evoluímos. Entretanto, o Cristianismo foi sando aos
poucos deturpado, tornando-se realmente impraticável, obrigando aos
puros a afastar-se do mundo e os pecadores a esconder-se de Deus, quando
o Cristo vivia entre os maiores transgressores da Lei Divina. E
justificava: "OS SÃOS NÃO PRECISAM DE MÉDICO, MAS SIM OS DOENTES". E
sempre lembrava a caridade de Deus: "MISERICÓRDIA QUERO, NÃO
HOLOCAUSTOS". E, na verdade, provou que os animais se podem fazer anjos e
que os anjos podem descer da sua glória, para elevar os caídos, no
sublime trabalho da redenção humana.
"AMAI-VOS UNS AOS OUTROS, COMO EU VOS AMEI" - o Novo Mandamento para
toda a Humanidade - foi o divino ideal do Mestre, e tão humano! Morreu
por ele, para nos apontar o caminho da salvação. Legou-nos lições e
exemplos. E a nós seus seguidores, não cumpre apenas lembrá-los, mas
vivê-los, como Ele quer de cada um, sem pretensões inatingíveis de
santidade, mas com sincera humildade.
Pois, no caminho do Evangelho, pior que a total ignorância das Leis de
Deus, é a presunção espiritual daqueles que, sem condições, querem ser
mais realistas que o rei.
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